O médico que ia fazer o procedimento não era o Dr. Rafael, era um outro que eu nunca tinha visto antes, e claro que isso gera uma certa insegurança. Você encontra a pessoa pela primeira vez na vida e ela te comunica que em aproximadamente cinco minutos vai cortar a sua jugular. Nada bom, mas fazer o quê? Medo define.
Ele chegou e me explicou que a punção profunda nada mais era do que um acesso em uma veia de maior calibre, a jugular ou a subclávia. E, que esse procedimento era necessário para aplicação da quimioterapia e que ficaria até o fim desta internação com esse acesso, ou seja, por mais ou menos um mês. Outra vantagem é que através desse acesso eu faria tudo: quimioterapia, soro, medicação, transfusões... Seria um alívio temporário para o meu medo de agulhas.
Enfim, não sou médica e nem ao menos da área da saúde. Mas, pelo que entendi, a medicação utilizada é muito agressiva e não poderia ser aplicada em acessos periféricos ( aqueles que são colocados nos braços). Além disso, estes acessos tem que ser trocados com freqüência, o que sacrifica ainda mais o paciente. Daí a necessidade da colocação da punção profunda. Mas que esse nome assusta... Ah se assusta!
Após este breve intróito, e bota breve nisso, deu-se início ao procedimento, que foi feio ali no quarto mesmo. Bastou levantar a cama e descer a cabeceira até eu ficar quase de cabeça pra baixo, depois ele me deu uma anestesia local e tentou o acesso na subclávia. Nada feito. Não foi possível puncionar a subclávia, até agora não sei por que motivo. Então, não me restou outra alternativa... Tinha de ser feita uma nova tentativa. Nova anestesia, dessa vez no pescoço - e eu já estava apavorada com a tentativa sem sucesso da subclávia - e a colocação dessa vez com sucesso na jugular.
O acesso profundo da jugular doeu um pouco após o efeito da anestesia, contrariando aquela famosa frase dos médicos ( não vai doer nada), e eu passei uns três dias praticamente sem me mexer... Vocês devem estar se perguntando : será que doeu tanto assim??? E eu te respondo, não.
O problema não é só o procedimento, é o medo que vem junto. Eu, que nunca havia sequer colocado um soro na vida, me vi ali, com aquilo preso com pontos no meu pescoço, ligado a uma veia que todo mundo diz que pode te fazer sangrar até morrer e fiquei apavorada... Medo de dormir e aquilo tudo soltar ( o que não acontece assim com essa facilidade), nervoso daquilo no pescoço, falta de posição pra dormir... Enfim, era tudo horrível, mas era o que eu tinha pra hoje e o pior ainda estava por vir...
Dessa experiência, como tudo até agora, doeu mas passou.
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